Marília SILVA PONTES
O trabalho procurou realizar, a partir da perspectiva dialógica do discurso, uma análise dos enunciados e dos efeitos de sentidos daí decorridos na campanha #JuntasContraVazamentos, lançada, em março de 2015, pela marca Always. A campanha publicitária simula um falso vazamento de um vídeo íntimo de Sabrina Sato, personalidade conhecida da TV brasileira. Logo em seguida, a artista esclarece que tudo não havia passado de uma estratégia de marketing da marca de absorventes e, a partir disso, constrói-se um jogo de palavras entre o crime, o vazamento de um vídeo de conteúdo íntimo de uma celebridade e o constrangimento, causado pelo vazamento do ciclo menstrual. A análise da campanha em questão apoiou-se nos postulados de Mikhail Bakhtin e de seu Círculo, mais especificamente na obra Estética da Criação Verbal (BAKHTIN, 2003) e no texto Discurso na vida e Discurso na arte (VOLOSHÍNOV, 2010). O corpus para análise se caracterizou pela existência de um jogo linguístico que, apoiado no contexto sócio-histórico, permitiu diferentes interpretações a respeito do enunciado da campanha. Desta forma, a partir deste estudo, concluiu-se que os enunciados sobre os vazamentos produzidos pela marca Always, através de escolhas linguísticas, associam o crime virtual ao vazamento rotineiro do ciclo menstrual, gerando o efeito de sentido de banalização de um ato de criminoso, levando, com isso, ao sentimento de culpabilização de vítimas e à impunidade de reais responsáveis quando o crime ocorre de fato.
Leia a íntegra do trabalho clicando aqui.
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