LEANDRO VIDAL CARNEIRO
Neste trabalho, discutimos o processo de formação de palavras por fusão vocabular e os sentidos que essas constroem na obra A varanda do frangipani, de Mia Couto (2007). Buscamos em Alves (1994), em Barbosa (1996) e em Basílio (2010) o referencial teórico sobre processos de criação de palavras e, em especial, sobre fusão vocabular; em Monteiro (1991), buscamos algumas considerações sobre expressividade na língua; e em Cavacas (2006) encontramos considerações pertinentes sobre o fazer literário de Mia Couto. Para o desenvolvimento deste trabalho, realizamos uma leitura da obra e fizemos um levantamento dos processos de formação de palavras nela encontrados. Em seguida, selecionamos o processo sobre o qual vertemos luz e procuramos verificar como as novas palavras se articulam com outras ao longo do texto para compor-lhe os sentidos. Num conjunto vastíssimo de criações lexicais, encontramos 28 fusões vocabulares, que ocorrem em passagens significantes do texto, intensificando o conteúdo expressivo dos enunciados nos quais estão inseridos, conteúdo que não seria alcançado apenas pelo lexema dos itens lexicais primitivos. Considerando que o romance sustenta um discurso que procura valorizar a tradição oral do povo africano, bem como a sua capacidade inventiva de adequar a língua imposta pelo colonizador à cosmovisão moçambicana, vemos que Mia Couto, no exercício da sua criação literária, joga magistralmente com as palavras, manuseando-as, retorcendo-as e desconjuntando-as para depois rearranjá-las de forma criativa e extrair delas as mais variadas significações.
Leia o trabalho em sua íntegra clicando aqui.
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